.: Lua, de Luana

Uma mulher que gosta de viajar e, principalmente, conhecer lugares & pessoas.
"Lua vai dizer" foi inspirada na música de Katinguelê, a "Lua vaaai iluminar os pensamentos dela". Sendo assim, pretendo iluminar os caminhos de vocês. Boa viagem! :)

domingo, 23 de julho de 2017

Viajar sozinha: permita-se a esta oportunidade

"Liberdade? Uso dela, não abuso. (...) Não pretendo obrigar ninguém a seguir-me, costumo andar sozinho" (Mário de Andrade). Eu, que por muito tempo e em alguns momentos fui/sou muito tímida, jamais pensei em conhecer lugares sozinha. Como cheguei até aqui? A vida e suas circunstâncias me levaram a isto.

Praça Tiradentes - MG
Cachoeira do Sossego - BA
Minha primeira viagem sozinha foi a Ouro Preto/MG em 2015. Sempre tive vontade de conhecer um poucos das cidades históricas e aproveitei as férias para viajar para lá. Dessa forma percebi que a falta de companhia não podia prender minha realização de um sonho, que viajar sozinha não poderia ser uma experiência de medo, mas sim de oportunidade. A partir dessa viagem percebi o quanto é bom ter um momento consigo mesma, visitando os lugares que bem desejar, comer o que quiser (sim, quando se viaja em grupo às vezes você gasta mais porque vai pra um restaurante melhor e etc - indo sozinha sempre rola aquela tapioca com refri que gasta menos de 10 reais ou um sanduíche da Subway como almoço) e passar o tempo adequado em cada museu/igreja/praia/ponto turístico. Lendo assim muita gente pensa que viajar sozinha(o) é egoísmo... Nem é. Em meio a tantos dias agitados, estresse, correria e muitos afazeres a gente precisa deseja um momento de reset, de renovação, de auto avaliação, de uma respiração mais profunda. É viajando sozinha que a gente valoriza os momentos em conjunto; é sentindo-se sozinha que a gente repensa quem são realmente as pessoas que a gente ama, quem faz falta ali.  

Lua vai dizer que "é preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir"

Como mulher, nordestina e viajante solitária muita gente me pergunta "Como você tem coragem?", "Tem medo não?", "Sua mãe deixa?". Todas essas perguntas são reflexo de uma sociedade que ainda
Rio Sucuri - MS
 tem dificuldades em perceber que mulher pode fazer as coisas sozinha sim, sem depender de ninguém. Essas perguntas só demonstram o quanto a mulher é vista como sexo frágil e quantos momentos de insegurança nós já vivemos, imagine em um lugar diferente. A culpa não é de quem pergunta, é de tudo o que a gente vivencia neste mundo aparentemente moderno, mas que carrega traços medievais. Se sinto-me insegura quando viajo? Sim, assim como se sinto insegura quando vou a um shopping, ao trabalho, ao encontro de amigos e família. A insegurança é uma triste realidade brasileira que parece não ter fim, pois o que a ocasiona é mais que um ladrão negro da periferia, é reflexo de um povo caloroso, amoroso, divertido e inteligente, mas que têm princípios éticos e jeitinhos brasileiros desrespeitosos.  
Lagoa do Paraíso - CE

Ano passado o Ministério do Turismo fez uma série de reportagens sobre mulheres que viajam sozinha e eu fui uma delas. No dia da mulher, a convite do próprio Ministério, fui a Brasília (sim, conheci o Ministro, nunca pensei nisso né?!) falar sobre estas experiências e foi muito motivador, interessante, divertido, inesquecível. Percebo nas minhas viagens cada vez mais mulheres viajando sozinhas e, ao mesmo tempo, gente que nunca faria isso. Para onde já fui? Fortaleza/CE, Bonito/MS, Chapada Diamantina/BA, Ouro Preto/MG e pretendo mais <3 Na hora da foto? Se não tiver pau-de-selfie pede pra alguém tirar sua foto. Na hora da hospedagem? Fica num albergue que lá você pode fazer amizades. Na hora do passeio? Dependendo do lugar ou você pega um mapa e sai caminhando, cantando e seguindo a canção dos pontos turísticos ou se junta a algum passeio de agência de viagem. Zero aperreio!

"Falando em turismo" especial Dia da Mulher: Teté Bezerra, secretária nacional de Qualificação e Promoção do Turismo; Marx Beltrão, Ministro do Turismo; Irma Karla, presidente da Federação Nacional dos Guias de Turismo e eu, Lua vai dizer.

Resumindo, viaje sozinha(o)... Permita-se esta oportunidade, permita-se viver um pouco consigo mesma(o). 

domingo, 2 de julho de 2017

Morro de São Paulo - Bahia

QUANDO FUI
Abril/2017, no feriado de 1º de maio, dia do trabalhador. A ida foi meio nervosa, pois fui numa sexta, dia de paralisação nacional, com greve de ônibus, metroviários e possivelmente aeroviários. Deu tudo certo, avião decolou!

Entrada de Morro de São Paulo. Depois desse portal, uma ladeira! Te prepara!

COMO FUI: avião Recife-Salvador. Dormi no aeroporto para pegar o transfer para Morro ás 05h30  no aeroporto mesmo. Fechei o transfer pela Zulu Turismo e pelo que percebi o valor é bem tabelado entre as empresas. Na ida fiz o transfer semi-terrestre, que consiste em barco até a ilha Itaparica + 2 horas de ônibus até Valença + 25 minutos de lancha até Morro. Tem gente que faz esse transfer separado sem ir por agência e acredito que em grupo valha a pena. Chegando em Itaparica dá pra fretar um táxi ou pegar uma Van até Valença. De Valença a Morro a lancha custa uns 12 reais por pessoa. Na volta de Morro optamos pelo transfer de catamarã, pra ver como era. Aconselho, mais que aconselho, que se você tem facilidade de enjoo não pegue esse transfer. O catamarã balança muito e o tempo todo, pois pega o alto mar. Em dia de chuva então, nem pensar! 
Segunda praia

MORRO DE SÃO PAULO NÃO É SÃO PAULO, hahaha. Morro faz parte de um conjunto de  vilas/ilha que compõem a grande ilha/cidade Cairu, entre elas Morro, Gamboa e Boipeba. Morro de São Paulo é mais conhecida porque lá se concentra praticamente toda a parte turística, sejam pousadas, praias mais famosas, restaurantes maravilhosos e badalação. A vila é tão fofa e aconchegante que lá não tem carro, só bicicleta e carro de mão. Por sinal, o táxi de lá é o carro de mão, onde o "motorista" leva as malas dos turistas até as hospedagens.

Terceira praia
ONDE FICAMOS: a grande surpresa no começo da viagem, descoberta pelas minhas amigas que chegaram um dia antes de mim, foi que a nossa pousada estava em Gamboa e não em Morro. OI? Quando reservamos pelo Booking.com procuramos "pousadas em Morro", mas lá no endereço tinha escrito Cairu. Pra gente era tudo uma coisa só e na hora do vamuvê foi que descobrimos que não! :O Passada! Então já fica a dica: vejam bem quando forem reservar a hospedagem de vocês. Se tiver "Primeira praia", "Segunda praia" e "Terceira praia" é certeza que é em Morro e com ótima localização, no centro mesmo da vila. Gamboa é uma vila de pescadores e local de moradia de praticamente todos os trabalhadores de Morro, super calma, bom pra descansar. De Gamboa a Morro sempre pegamos um barco (R$4 reais por trecho com duração de 10 minutos), mas tem opção da trilha que só tem acesso em maré baixa (e de dia, por favor).    

Vista na Toca do Morcego
O QUE FAZER: aproveitei o feriado do trabalhador (1º de maio) e passei 3 dias lá. Considero o tempo suficiente para curtir tudo e já ~morrer~ de saudade de lá. Como disse acima, pequei o transfer no sábado de manhã e já fui direto pra Morro, de mala e cuia (já que a pousada era em Gamboa). Deixei a mala na agência e fui curtir com as meninas a segunda praia que na minha opinião é a melhor da vila. Tem vista pra tirolesa, tem coqueiro, tem restaurante muito legal, bom atendimento e água rasa e morna. Preciso de algo mais depois que uma chegada cansativa? A tarde passeamos pela vila e fomos ver o famoso pôr-do-sol na Toca do Morcego, um restaurante lá no alto do Morro com vista linda para o mar. A tarde estava nublada, mas não tirou o charme e o aconchego do lugar, com música agradável e comida gostosa, favorecendo boas conversas e risadas. Lá pelas 22h voltamos a Gamboa.

Piscinas naturais em Moreré. O paraíso também é aqui :)

VOLTA A ILHA
Lindo desse jeito, mas se chama rio do Inferno
Se nada der certo vendo caipirinha, rs
No meu segundo dia fizemos o famoso passeio de Volta a ilha. Saímos de Morro de lancha em direção a primeira parada nos arrecifes-piscinas naturais de Moreré e outro lugar lá que não lembro o nome, hahaha. Só sei que é beleza, paraíso e vida de "se fui pobre não me lembro" logo de cara! As lanchas levam em torno de 12 pessoas e foi um bom momento pra gente fazer novas amizades, afinal, você passa o dia todo com aquele grupo de pessoas. Não basta a água morna e transparente, tem restaurante flutuante !sim! pra quem quer tomar uma cerva e comer lambreta (mexilhão na língua da gente) em alto mar. Perto da hora do almoço paramos na ilha de Boipeba, paraíso repleto de coqueiros e mar aberto. Pegamos uma trilha pequena (10 reais por pessoa) e no caminho conhecemos o Museu de Ossos, com carcaça de tartaruga e dentes de tubarão. Depois da leve caminhada descansar e almoçar à beira do rio tornou a viagem ainda mais linda. Subimos o rio do Inferno - tem esse nome porque muitas embarcações encalhavam e afundavam nele - de lancha em direção a parte histórica de Cairu e no caminho tem uma parada no bar flutuante para comer ostra (pra quem gosta) e tomar uma deliciosa caipirosca de cajá (ou alguma fruta que você preferir). Conhecemos também o convento Santo Antônio que tem como frei um pernambucano super simpático. Pra fechar o passeio, um belíssimo pôr-do-sol seguindo o horizonte e as águas do rio.

"E a tarde se desfez na linha do horizonte..."

Museu dos ossos

Ostra, olha a ostra!
À noite a pedida é jantar na vila de Morro e dar um passeio por lá mesmo. Dependendo da temporada às noites têm festas na boates de lá, mas a disposição era pouca e o enfado de praia era muito pra farrear, rsrs. Como último dia, ficamos pela vila de Morro e curtindo um pouco mais a segunda praia. No meio da tarde pegamos o catamarã para retornar a Salvador. Como tinha dito, eu passei 2 dias e meio e deu pra ver o principal de lá. Faltou apenas subir até o farol - que dá acesso a vista mais famosa de Morro, vendo a tirolesa chegar ao mar e conhecer o banho de argila que fica entre Gamboa e Morro.

Ah, coisa boa é viajar...
Gostaram? Um abraço maior que a altura da tirolesa de Morro e um beijo mais gostoso que banho de mar pra vocês :)