.: Lua, de Luana

Uma mulher que gosta de viajar e, principalmente, conhecer lugares & pessoas.
"Lua vai dizer" foi inspirada na música de Katinguelê, a "Lua vaaai iluminar os pensamentos dela". Sendo assim, pretendo iluminar os caminhos de vocês. Boa viagem! :)

domingo, 12 de junho de 2016

Manaus - Amazonas

Manaus foi a primeira cidade da região Norte que conheci. Fui em um feriado da Semana Santa e cansei de ouvir "Perdeu o quê lá? Vai ver macaco e índio é?". Tem hora que o preconceito do povo cansa...

Teatro Amazonas
Cheias dentre os anos
COMO CHEGUEI: de avião Recife-Manaus, fazendo escala em Fortaleza e Belém. O ruim é que sempre tem várias escalas ou conexão. Pra ter noção, meu voo de volta fez conexão "ali" em Brasília.

ONDE FIQUEI: em um albergue bem pertinho do Teatro Amazonas. Na época paguei R$30 a diária e tinha até piscina lá. Fui procurar agora o link e vi que o albergue fechou, que pena :/ Bom, mas em Manaus tem várias opções de hotel e pousadas, em sua maioria no centro.

Ensaio de ópera no Teatro Amazonas

PRIMEIRO DIA
Dentro do teatro - Salão principal
Após o café da manhã no albergue, fomos para o Teatro Amazonas, um dos mais antigos do Brasil e principalmente belíssimo por dentro. Demos sorte pois naquele dia além de ter visita guiada explicando toda a história, os ambientes e os objetos do teatro, vimos um ensaio de ópera (vídeo). Momento único, coisa linda! Do teatro fomos conhecer o centro de Manaus, que lembra muito o de Recife.  Após almoçar algum peixe diferente, seguimos para o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Não deu pra conhecer o zoológico, mas no INPA temos a dimensão da floresta Amazônica, da variedade da fauna e da flora, do quão um crocodilo é amedrontador de perto... hahaha.

Enquanto isso, na aldeia indígena...

SEGUNDO DIA
Olha o boto, gente <3
Do porto de Manaus saem todos os passeios principais, tem muitos guias e agências por lá. Já saímos de Recife com um deles reservado, este passeio de hoje. Pagamos em média R$200 por pessoa (em 2012 isso era bem caro), mas acho que é pela distância dos lugares já que os passeios são feitos de barco. De lá fomos para uma aldeia indígena para apreciar um pouco da cultura deles. Alguns rituais foram feitos e achei bem interessante... É um pouco da nossa raiz e origem que muitos não valorizam. Inclusive nesta aldeia tinha um alemão que foi turistar lá e acabou se apaixonando por uma índia. Ficou, foi adotado pela tribo <3


Da aldeia fomos ao encontro do boto. Que fofura gente! É possível tomar banho com eles enquanto o guia alimenta os mesmos com peixe. No local tem um espaço de preservação pois, acreditem, muitos usam a pele/gordura do boto como isca de um peixe que é bem caro lá. Não se pode alimentar os botos porque querendo ou não eles são selvagens e estão em seu habitat natural. A gente que é inxirido-intruso e invade o espaço deles... No caminho de volta vimos um hotel flutuante, mega estrutura em pleno rio o extremo contato com a natureza. Almoçamos em um hotel na beira do rio que foi reformado pelo projeto "Lar doce lar" de Luciano Huck. Ao retornar para o porto conhecemos um pouco mais da cidade e a noite fomos ao teatro ver a peça dos Barbixas :)

Cidade flutuante

TERCEIRO DIA
Medo da amiga? Jamais!
Bem perto da cidade, saindo também do porto, fomos ao encontro dos Rios Negro e Solimões. Sabe aquela imagem que você só tinha na aula de Geografia? Pronto, estava ali na minha frente. Um rio mais denso que o outro, de cores diferentes e aquele efeito "será que se misturam?" fazem do encontro das águas um visual inesquecível. Seguindo o curso do rio vimos uma cidade flutuante, com várias casas que acompanham o fluxo da maré. Energia elétrica e saneamento básico são luxo por lá, sendo a vida bem diferente da nossa urbana e estressante. O tempo parece não passar ali, senti. No meio dessa cidade paramos num casa que, como morador, tem um cobra imensa, um filhote e jacaré e um bicho preguiça. Pra quê zoológico não é mesmo? Pra ter noção, a casa tinha 3 quartos e um quarto era ~de exclusividade~ da querida cobra gigante. Cheguei nem perto.


Encontro das águas
Hotel Ariaú em cima do rio


De lá fomos almoçar um restaurante flutuante e comemos carne de jacaré (só soubemos depois). Carne boa, gosto de peixe mesmo. No descanso do almoço vimos vitórias-régias e até pesquei piranha! E veio a famosa chuva torrencial. Parece que o céu vai desabar, muito barulho, muita água e um pouco de medo, claro. Com a canoa motorizada continuamos os passeios pelos igarapés, regiões alagadiças e que segundo o guia "são cheia de anacondas". Que bom saber disso... hahaha. Me senti no Globo Repórter naquele silêncio da natureza, sendo surpreendida apenas pelo barulho do vento, do canto das garças, dos pássaros e do guia que imitava o som de um jacaré (que por sinal "respondia", acredite). Pra fechar o passeio, a famosa focagem de jacaré, que é tipo "pescar". O cenário? 6h da noite, tudo escuro, a única luz era da lua cheia e um suave barulho do barco. O guia, com uma lanterna, procura o brilho dos olhos do jacaré que refletem com a luz da lanterna. Ao avistar um jacaré o barco se aproxima bem devagar e com o motor desligado ouvimos apenas o bote do guia no pescoço do bicho. Se o barco virasse? Noite de rodízio pros jacarés e um noticiário no jornal eram garantidos, hahaha.



Muita chuva? Muita água? Muito barulho? Sim! 

Este é apenas um resumo do que conheci em Manaus, viagem exótica, interessante, diferentona e inesquecível. Acredito que este não seja um destino querido pelos brasileiros, mas o maior estado do Brasil, benquisto pelos estrangeiros e rico em tudo deveria ser no mínimo conhecido por nós. O contato com a natureza é um experiência única!

Beijos com sabor de carne de jacaré.