QUANDO FUI: de 12 a 15/Outubro/17, no feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Estava com receio de viajar nesta época pois dizem que já tem chuva e visitar a chapada com chuva não é tao legal. Dei sorte por pegar um clima quente, seco e de muito sol, mas essa sorte, infelizmente, não foi tão feliz, porque o clima estava seco há tanto tempo que vi muitas queimadas por lá. Inclusive nos dias do feriadão o Parque Nacional estava fechado por conta disso. Muito fogo, muita fumaça, muita vegetação queimada pela estrada e perto da cidade. Uma pena...
COMO FUI: de avião Recife-Brasília. Sim, a chapada fica em Goiás, porém se você olhar no mapa é bem contramão de Goiânia (sem contar na passagem aérea que é bem mais cara). Dei sorte de conseguir o trecho de ida por milhas pela Latam e a volta por Smiles & Money pela Gol mesmo em cima da hora do feriadão. Em Brasília alugamos um carro pela
Movida e seguimos viagem. Vale a pena o custo-benefício principalmente se você for em grupo, pois muitos dos passeios da chapada são acessíveis de carro e a estrada (BR-020 e depois GO-118) para lá é muito boa. Eu quase viajava sozinha e com certeza o gasto seria o dobro se fosse fazer os passeios por agências.
ONDE FIQUEI: de início tinha dúvida de onde ia me hospedar, mas com o tempo curto não tinha muito poder de escolha. Minha amiga Irma viu um hostel em Alto Paraíso com preço bom para feriadão (acredite, tinha pousada cobrando 6 mil reais por 3 diárias, 2 pessoas. Por um instante pensamos se era uma viagem pra Cancun, hahaha) e não tivemos dúvida, reservamos logo. Na verdade existem três cidades como opção de hospedagem: São Jorge, Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante - esta última mais afastada, fica a 90km de Alto Paraíso. Cada uma delas tem seus atrativos, aconchegos e trilhas, mas Alto é mais badalada, mais estruturada com várias pousadas, lojas e restaurantes e mais central.
PRIMEIRO DIA
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Vale da Lua |

Chegamos de viagem por volta das 10h, deixamos as coisas no hostel e fomos para o
Vale da Lua. Sim, meu vale, hahaha. O vale consiste em formações rochosas que lembram a superfície da lua. Entre essas pedras e formações, várias piscinas de água gelada se formam, tornando o lugar bem agradável para se visitar. A entrada fica na BR entre Alto Paraíso e São Jorge, facinho de chegar (é só ficar de olho na placa) e mais uns 10 minutos de estrada de terra. A entrada custa R$20 e a trilha é leve, suave na nave.
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Almécegas II |
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Cachoeira São Bento |
Do Vale da Lua fomos almoçar na vila de São Jorge: pequenina, ruas sem asfalto, pé na areia e vida simples. De lá seguimos (ou melhor, pegamos a estrada de volta para Alto Paraíso) para a fazenda São Bento, que compõe três cachoeiras: Almécegas I, II e São Bento, com entrada de R$30 para conhecer as três (R$20 pelas Almécegas e R$10 pela São Bento). Conhecemos a Almécegas (quem quiser que crie seus apelidos para Almas Cegas, Almôndegas, whatever) II que tem trilha tranquila e é um bom lugar para tomar banho e relaxar. Sim, é possível, mesmo com a água congelante. Por ser feriado parecia o piscinão de Ramos, mas deu pra se divertir um pouco. Na cachoeira São Bento nem tava mais afim de tomar banho, já era fim de tarde, corpo aquecido e cansaço chegando, mas também era um lugar agradável para passar um tempo. Depois de tanto banho, partiu hostel e depois jantar na vila de Alto.
SEGUNDO DIA


Era o dia de conhecer ela, a famosa, a deslumbrante, a desejada, a requisitada, a capa de revista... A cachoeira Santa Bárbara! Por que essa propaganda toda? Porque ela é tudo isso que prometem e quando você chega lá... Bum, ela cumpre! Por ser feriadão nossa rotina foi bem mais punk que as outras cachoeiras.
Segue o fluxo: saímos de Alto Paraíso às 06h da manhã pois segundo o guia Tôta (gente boa, super indico, telefone (62) 99673-0765 - guia apenas em Cavalcante) lá na Santa Bárbara ia ter muitos turistas e por conta disso talvez esperássemos muito tempo para fazer a trilha. Não sabia, mas a trilha para a cachoeira comporta, por decisão ambiental, apenas 300 pessoas por dia, principalmente em dias de grande visitação. Chegamos ao ponto de apoio com o guia (é obrigatório entrar com o guia na trilha e custa em torno de R$120 por grupo) e compramos os últimos ingressos (R$20 cada)... Eram 8h30 e as 300 entradas já tinham sido compradas, digaí! Seguimos para o portão de entrada que tem controle justamente do entra e sai de pessoas, pois (também não sabia) só é permitido ficar 1h na cachoeira. Esperamos quase 3 horas para seguir na trilha da cachoeira e, enquanto isso, vimos várias pessoas chegarem no portão querendo passar,
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Capivara vista de baixo |
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Barbarinha |
querendo subornar o carinho que controlava o fluxo com a desculpa do tipo "Ah, mas é feriado, libera aí!", "Ah, pra quê isso? Se eu tivesse com uma caminhonete eu derrubava essa corda e passava". Tem gente que não nasceu pra ser um turista decente MUITO MENOS pra explorar o ecoturismo. É cada arrogância, prepotência, falta de educação que a gente vê por aí que sei não =/ Enfim, a espera, o calor, o clima seco e os 4 km de trilha (ida e volta) compensaram. Antes de chegar na Santa Barbara tem a Santa Barbarinha, lindinha, meio que um trailer, uma amostra grátis da grande beleza que nos esperava.
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Em cima da Capivara |
Água verde, transparente, paredões de montanha, cachoeira, energia boa... Indescritível, pela foto vocês imaginam a sensação maravilhosa de estar ali. Muita gratidão e amor por um lugar!
Após a Santa Bárbara conhecemos a cachoeira da Capivara, que fica bem pertinho do ponto de apoio (uns 5 minutos de carro e uns 15 min de trilha andando e descendo pedras, trilha um pouco mais cansativa). O visual também arrasa! Por estar em clima seco a água da cachoeira vai se desenhando entre as pedras, muito linda. Água gelada, muita gente, mais uma paisagem inesquecível. Para quem estiver cansado e não quiser descer até a base da cachoeira, no topo dela tem várias piscinas naturais e uma vista linda da chapada, já vale a caminhada.
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Na volta de Cavalcante avistamos muitos focos de incêndio, coisa que até então só tinha ouvido falar no rádio. Tinha cinza e grama queimada inclusive perto da estrada. À noite, perto da cidade, vimos muito fogo na mata, pareciam várias fogueiras de São João juntas. Sentia pena pela natureza, pelos bichos e plantas; medo pelo fogo estar tão perto da cidade; e aquela sensação de "o que posso fazer para ajudar?". Hoje (25/10/17) estão veiculando que boa parte das queimadas são propositais, causadas pelo homem. "Por que será que toda a beleza do mundo que enfeita os nossos olhos, morre em nossas mãos?" |
TERCEIRO DIA
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Cristais |
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A primeira piscina da cachoeira dos Cristais. Já ficaria aí :) |
Pernas pra que te quero... Dia de pegar trilhas mais leves porque a Santa Bárbara, a Capivara e mais 200 km dirigindo acaba com uma. Como havia dito, hospedar-se em Alto Paraíso amplia a lista de lugares para conhecer porque a gente fica meio que no centro de tudo. Seguindo sentido Cavalcante e a 7 km de carro estava a cachoeira dos Cristais e a uns 4 km do centro de Alto (e um pouco de estrada de terra) fica a Loquinhas, um conjunto de poços e cachoeiras.
A cachoeira dos Cristais, assim como vários desses lugares que conheci, são propriedades particulares. Dessa forma, o valor do ingresso ajuda a manter a organização do lugar, a limpeza e a preservação ambiental. A melhor de fazer a trilha dos Cristais é descer até a última cachoeira (a maior, a mais linda e a de água mais gelada) e seguir a trilha subindo e parando nos pontos de queda d'água. É um lugar legal pra quem tem mais tempo na chapada pois dá pra passar o dia lá em família. O lugar tem muita estrutura, restaurante, banheiro, redário... Uma calmaria só.
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Um dos poços da Loquinhas |
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Trilha da Loquinhas |
No início da tarde fomos para Loquinhas (e a gente pensava que era Louquinhas, hahaha). A entrada custou R$25 e existem dois roteiros de trilha, todas duas suspensas e com degraus de madeira: Loquinhas e Violeta. Na entrada já nos informaram que muitos dos poços estavam secos por conta da falta de chuva, então essa trilha estava mais interessante que a Violeta. Não deixem de tomar banho, conhecer, tirar foto no poço Xamã, pra mim o mais gostoso de todos. Na trilha Violeta o poço do Saci mesmo com água não estava convidativo para um banho e a do Paraguassu muito menos (meio lodosa e suja). De trilha fácil, Loquinhas é um lugar também muito tranquilo e legal para passar o dia com amigos e família. Águas esverdeadas e azuladas te esperam!
À noite fomos jantar na Vendinha 1961, uns dos restaurantes point, top de Alto. Música boa, comida gostosa, preço e atendimento bons, chegue cedo se quiser desfrutar do lugar.
QUARTO DIA

Dia de voltar, que pena... Meu voo era a tarde e como era o último dia de feriadão não quis passear muito. Seguimos viagem logo cedo, almoçamos na casa de amigas em Brasília e parti pra Recife. Fim de uma viagem maravilhosa e divertida, cheia de boa energia! Sabe aquela sensação de "tudo isso estava planejado por algo superior?" Pronto! Entre vou não vou, é pra ir ou não, tudo foi se encaixando, se resolvendo, fluindo e deu nisso. Amizades criadas, belezas visitadas, lugares marcantes. Acredito sempre que nada acontece por acaso e que o destino sempre vai nos surpreendendo de acordo com nosso merecimento e fé.